Segundo dia da 1ª Jornada de Farmácia Clínica e Cuidado Farmacêutico destaca empatia, capacitação e gerenciamento
Segundo dia da 1ª Jornada de Farmácia Clínica e Cuidado Farmacêutico destaca empatia, capacitação e gerenciamento
Programação contou com diversas mesas de debates sobre o acompanhamento farmacêutico e segurança do paciente, além da apresentação de experiências exitosas
Larissa Lustosa, da Agência Saúde-DF | Edição: Agência Saúde
Nesta quinta-feira (8), a 1ª Jornada de Farmácia Clínica e Cuidado Farmacêutico (JFACC), tratou de temas como Educação em Saúde, Gerenciamento e Alta Hospitalar. Ao apresentar e debater esses assuntos os participantes da jornada mostraram a relevância do acompanhamento farmacêutico, que envolve o uso racional dos medicamentos conforme o quadro clínico de cada paciente, e a resposta obtida durante a ministração dos fármacos. Essas questões demonstram a necessidade da segurança do paciente.
Assim como no primeiro dia, o tema de acompanhamento dos pacientes no campo farmacêutico abriu os debates. O professor doutor da Universidade de São João del Rei (UFSJ-MG), André Baldoni, destacou, durante sua palestra, o método de raciocínio clínico aplicado ao cuidado farmacêutico. Para o docente, além da ciência, o cuidado realizado pelo profissional farmacêutico, deve estar centrado na empatia com os pacientes. "Quando se pensa no processo de cuidado [farmacêutico], não pode ser pensado de forma isolada do contexto social. Se eu não me colocar no lugar no próximo, não chego a lugar nenhum", reforçou.
Completando a apresentação, a professora doutora Mariana Linhares Pereira, também da UFSJ, destacou a necessidade da ampliação do olhar farmacêutico, ao detalhar elementos que vão além da questão técnica para se chegar ao atendimento exitoso, como a capacitação, o envolvimento dos atores, a regulamentação e demais cuidados. "Precisamos pensar na farmacoterapia de forma organizacional e racional, mas reforçando que o objetivo máximo é melhorar a experiência do paciente pelo uso de medicamentos", lembrou.
Educação em Saúde
Outro assunto debatido durante o evento foi a educação em saúde. A também mineira, professora doutora Angelita Melo, da UFSJ, chamou a atenção dos presentes ao falar sobre essa realização de forma contínua e permanente nos sistemas de saúde. Para a profissional, o êxito da educação depende de fatores tanto técnicos como interpessoais. "O grau de sucesso vai depender da minha habilidade de fazer uma comunicação interdisciplinar, entre meus pares e com o paciente", explicou.
Ao ressaltar o importante papel da comunicação no trato com os pacientes, a farmacêutica Eloá Medeiros, da Secretaria de Saúde (SES-DF), relembrou que os pacientes, muitas vezes, ficam longe dos seus lares e familiares quando estão internados, necessitando de um tratamento social adequado. "Posso ter muito estudo, o que é muito importante, mas é necessário que eu saiba transmitir. Sem isso, de nada vale o meu conhecimento", alertou.
Gerenciamento e Alta Hospitalar
Os profissionais farmacêuticos ainda debateram nesta programação, os múltiplos aspectos do cuidado farmacêutico, falaram sobre as experiências vivenciadas no ato da alta hospitalar. Conforme explicou a mestre e farmacêutica da SES-DF, Evelin Soares, a alta hospitalar é um processo multiprofissional, quando o medicamento passa a ser parte da rotina do paciente. "Quando falamos sobre medicamentos na alta [hospitalar], ele se encaixa num contexto mais amplo. Devemos pensar além do ambiente hospitalar e no envolvimento com cada paciente em especial", explicou.
Devido a relevância do uso do medicamento, o farmacêutico passa a ocupar espaço importante também na alta hospitalar. Surge como novidade um papel que vem sendo estudado e publicado em artigos científicos estrangeiros, trata-se do farmacêutico navegador – embora ainda sem evidências de ser posto em prática no Brasil. Esse debate ficou a cargo do profissional da Rede Sarah do Distrito Federal, Jean Vinicius Ocampo: "Cabe a esse novo tipo de farmacêutico atenção aos exames, resultados, e ao monitoramento do paciente. Podendo, inclusive, reagendar consultas", detalhou.
Também ocorreram palestras sobre gerenciamento e indicadores para a gestão farmacêutica. Esses dados são importantes, porque servem para mensurar processos e serviços. "É preciso identificar o índice de maturidade de gestão, onde ele se encaixa e o seu desdobramento em indicadores no futuro. Quanto mais experiência e conhecimento houver na gestão, maior será o arcabouço de indicadores", destacou o palestrante e farmacêutico do Hospital da Criança de Brasília (HCB), Leandro Machado.
Outro ponto de destaque foi sobre a necessidade de que os dados sejam transformados em informações e, consequentemente, análises que podem levar a ações. "Não adianta eu ter o dado e não trabalhar nele para que se transforme em informação, e isso é feito por meio da análise crítica. E quem tem que fazer esse tipo de análise é quem levanta os dados", explicou.
Neste campo de instrumentos indicadores e de dados, o farmacêutico e mestre Leandro Magedanz, da SES-DF, destacou esse valor em vários ângulos: "Precisamos pensar dentro de qual perspectiva, de qual valor em saúde os indicadores refletem. Quem vai ser beneficiado, o que isso significa para o paciente e qual o seu valor para o sistema de saúde".
A Jornada de Farmácia Clínica também contou com a presença do representante do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF), do Ministério da Saúde, o farmacêutico Suetônio Queiroz de Araújo. Em sua palestra, destacou a importância da atenção primária pública no Brasil - que corresponde a mais 90% de cobertura - e como os cuidados farmacêuticos têm forte presença nos mecanismos de planejamento do País, como no Plano Plurianual (PPA) de 2024-2027.