Amor pela profissão traduzido em carinho e cuidado aos pacientes
Amor pela profissão traduzido em carinho e cuidado aos pacientes
Conheça a história da fisioterapeuta Rosângela Porto dos Santos que atua no Hospital Regional do Guará
LÍVIA DAVANZO I EDIÇÃO: JOHNNY BRAGA I AGÊNCIA SAÚDE-DF

Foto: Breno Esaki/Agência Saúde-DF
Quem chega para receber atendimento no ambulatório de fisioterapia do Hospital Regional do Guará (HRGu) é recebido com um sorriso no rosto e uma alegria contagiante pela fisioterapeuta Rosângela Porto dos Santos. O cuidado e o carinho no trato com os pacientes revelam o amor pela profissão que disse ter escolhido aos nove anos de idade.
A profissional iniciou sua carreira na Secretaria de Saúde em 2006, primeiramente no Hospital Regional do Gama (HRG). Orgulhosa, ela recorda que um dos primeiros feitos foi conseguir acabar com a fila de espera. “Entramos eu e quatro colegas cheios de vontade. Conseguimos uma sala, aos poucos fomos equipando e fazendo um trabalho de gerenciamento dos pacientes que precisavam de atendimento em fisioterapia”, conta.
Na época, o foco do seu trabalho era a reabilitação postural. E fica feliz ao lembrar os pacientes que conseguiu ajudar. “A pessoa chegava na emergência morrendo de dor, deitava lá, eu fazia uma terapia manual, puxava a coluna, ajeitava e trazia alívio para ela”, relata.
Após alguns anos atuando no HRG, Rosângela pediu remoção para o Hospital Regional do Guará (HRGu), para ficar mais próxima de casa. Ali, passou a trabalhar com reabilitação neurofuncional, atendendo casos de paralisia e, no momento, está mais dedicada à reabilitação pós-covid, atuando com pacientes que precisam de fisioterapia para ajudar na melhoria das sequelas deixadas pela doença.
A atuação na SES traz a ela satisfação em poder conhecer tantas pessoas e participar de histórias de superação e desfechos positivos. “Poderia colocar em um livrinho histórias muito legais. Aqui atendemos muitos jovens. Já aconteceu de aparecer alguns politraumatizados com diagnóstico sombrio de nunca mais conseguir andar e, após nosso trabalho, ao final de dois anos, o paciente estar dirigindo, trabalhando, recuperado”, relata com alegria.
Desafios na pandemia
Nascida em Brasília, Rosângela mora com a família –pais, irmãos e dois sobrinhos – perto do HRGu. Assim que começou a pandemia, foi convocada para atuar na linha de frente e precisou sair de casa para não colocar os familiares em risco. “Eu fiquei de março a outubro de 2020 na linha de frente. Nesse período, eu me mudei para um apartamento bem perto do hospital. Fiquei morando sozinha e um bom tempo sem ver minha família pessoalmente. A gente se via só por chamada de vídeo. A saudade era muito grande, mas agora estou de volta”, compartilha.
O maior desafio, entretanto, veio em março de 2021, quando seis familiares contraíram a covid-19 ao mesmo tempo. A profissional revela ter acompanhado todo o sofrimento trazido pela doença de perto. “Então, de certa forma, todas as vezes em que eu via outra família sofrendo remetia ao meu próprio sofrimento. Eu me colocava no lugar deles, sentia a angústia de achar que poderia perder um ente querido”, desabafa.
No período, ela pediu afastamento para cuidar dos familiares. O pai dela agravou e precisou ser internado na unidade de terapia intensiva (UTI). “Estive ao lado dele na UTI. Conseguimos evitar que ele fosse intubado”, comemora. Mesmo com um contato tão próximo atuando na linha de frente e depois na assistência à família, Rosângela não pegou Covid.
Amor pela fisioterapia
“A minha história com a fisioterapia é muito bonita. Eu me apaixonei pela profissão aos nove anos de idade quando minha mãe fez uma cirurgia cardíaca e foi atendida na rede pública. Nessa cirurgia ela teve sua vida salva”, conta aliviada. Após o procedimento, a mãe precisou passar pela reabilitação e Rosângela teve seu primeiro contato com a fisioterapia. “Eu era criança e achava tudo muito interessante porque tinha ‘brinquedo’ – fala referindo-se às bolas, fitas e outros materiais utilizados na recuperação dos pacientes. Isso despertou meu interesse e simpatia pela profissão”, acredita.
Hoje, aos 46 anos, ela sente-se feliz em ter escolhido a fisioterapia como profissão. Rosângela formou-se em 1998 na Faculdade de Reabilitação do Planalto Central.
Vida pessoal
O ritmo de trabalho na Secretaria de Saúde é intenso, de dedicação total aos pacientes. Por isso, quando chega a casa, ela tenta desligar e relaxar. “Acredito que a saúde mental é fundamental para não adoecermos”, aponta.
Por conta da pandemia, ela diz que procura ficar mais em casa. Sua distração preferida tem sido assistir filmes e fazer exercícios físicos. Para manter a rotina de atividade física, comprou corda, step e jump e faz tudo em casa.
Orgulho
Sua história com o serviço público não vem de agora. Durante vários momentos em sua vida teve contato e pôde sentir orgulho do atendimento recebido e também do prestado à população. “Eu sou apaixonada pela rede pública. Sou apaixonada pelo SUS. Eu dou muito valor ao que é público, fiz o ensino fundamental em escola pública. Eu consegui fazer várias coisas na minha vida na rede pública. Minha mãe fez uma cirurgia cardíaca no SUS que salvou a vida dela. Eu dou muito valor à formação dos profissionais da rede pública”, finaliza.