16/08/2021 às 10h21

Aprendizados e orgulho ao longo de 31 anos de dedicação à Secretaria de Saúde

Conheça a história de Vannina, primeira fisioterapeuta do Hospital Regional de Taguatinga

Maria Vannina é uma heroína da Saúde que dedicou vários anos a cuidar de pacientes no HRT - Foto: Davidyson Damasceno/Iges-DF

  LÍVIA DAVANZO, DA AGÊNCIA SAÚDE-DF  

“Maria Vannina Carvalho Simões, mas todo mundo me conhece como Vannina”. Assim se apresenta a primeira fisioterapeuta a atuar no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Nascida em Santana do Livramento, munícipio gaúcho que faz fronteira com o Uruguai, veio para Brasília no dia seguinte a sua formatura em fisioterapia, em 1989, para acompanhar o marido, à época noivo.

 

O casal fixou residência em Unaí, município mineiro que fica distante cerca de 165 km da capital federal, por conta do trabalho do marido, Miguel Santanna, com quem está casada há 32 anos. Mas foi em Brasília que Vannina, atualmente com 56 anos, construiu sua carreira profissional. Ela conta que seu primeiro trabalho foi em uma clínica especializada em fisioterapia neuropediátrica. Em seguida, por meio de contrato especial, passou a dar assessoria às pedagogas e aos educadores físicos da Secretaria de Educação do Distrito Federal que iriam trabalhar com alunos com deficiência física.

 

“No fim do ano (1989) saiu concurso para a então Fundação Hospitalar, a prova foi em janeiro de 1990, eu fiz e passei. Faço parte da primeira turma de fisioterapia e terapia ocupacional da Fundação, atualmente Secretaria de Saúde”, relembra. Lotada no Hospital Regional de Taguatinga, foi ali que atuou durante seus 31 anos como servidora ativa até se aposentar em julho de 2021.

 

A trajetória profissional dessa heroína da saúde perpassa sua própria história de vida. Vannina é mãe do Pedro e do Maurício, de 30 e 26 anos, respectivamente. E avó do Heitor e da Manuella, filhos do Pedro. Ela conta que ficou grávida quando já estava na Secretaria de Saúde. E da gravidez ao crescimento dos filhos, ela conciliou as várias fases com a rotina de trabalho.

   

Trajetória

 

Quando fala sobre o trabalho realizado na rede pública de saúde do DF, ela deixa transparecer as boas lembranças deixadas pelo período dedicado ao HRT e aos pacientes, bem como pela convivência com os colegas e pelos aprendizados para a vida. “Eu tenho um carinho por esse local porque fiz amizades profundas e aprendi muito. Eu sempre falo que o HRT foi para mim uma grande escola”, comenta.

 

O caminho percorrido por Vannina no hospital teve início na clínica médica, mas foi sendo ampliado à medida que “foram descobrindo que tinha fisioterapeuta no hospital”. Ela passou então pela unidade de terapia intensiva (UTI) adulto, pela UTI pediátrica, pela pediatria, pela ortopedia e pelo pronto-socorro. “Isso proporcionou um grande aprendizado, pois foram várias áreas ao mesmo tempo. Eu me pergunto como eu dava conta”, brinca.

 

Após quatro anos como a única fisioterapeuta do HRT, chegaram mais cinco colegas de profissão para dividir as tarefas e os atendimentos. Vannina sempre ficou mais na pediatria e atuou na UTI neonatal. “Essa é outra experiência muito importante na minha vida, pois o HRT foi pioneiro na implantação do ambulatório de egresso dos prematuros, que faz parte do método canguru”, enaltece. O método canguru é um modelo de assistência humanizada aos bebês prematuros e sua família.

 

“Eu tenho muito orgulho desse trabalho, pois ajudei a implantar e trabalhei nele por mais de 20 anos, onde me aposentei. Os últimos 10 anos eu atuei quase que exclusivamente no ambulatório”, pontua.

 

Os anos de atuação renderam muitas histórias marcantes. “O bebê prematuro nos ensina muito mais do que nós a eles”, acredita a fisioterapeuta. E foi em 2020 que ela disse ter vivenciado uma das que vai levar como recordação dos dias no HRT. “Atendemos uma mãe que por conta da situação social e familiar ia abandonar o recém-nascido. A partir do trabalho com a psicóloga e do incentivo à amamentação, por exemplo, ela decidiu não mais abandonar a criança. E, assim, são várias histórias de superação”, relata.

 

“Tenho muito orgulho de ser a primeira fisioterapia do HRT e deixar um grupo de profissionais dando continuidade ao trabalho que iniciei. Além de ver o quanto a nossa profissão está sendo reconhecida”, afirma.

 

Pandemia

 

Os desafios trazidos pela pandemia impactaram também o trabalho de Vannina. Ela explica que foram muitas dúvidas e inseguranças e, no primeiro momento, optou-se por não ter atendimento presencial no ambulatório. Logo em seguida, teve início o atendimento remoto via teleconferência.

 

Nesse trabalho, o fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional acompanham os 18 primeiros meses de vida do bebê para verificar o desenvolvimento neuropsicomotor. Caso seja notada alguma defasagem nesse processo, são feitas intervenções pelos profissionais. “A pandemia nos mostrou o quanto esse trabalho é necessário, pois muitos pais por conta do receio de pegar o vírus não levaram mais os filhos – nem de forma virtual – para o acompanhamento e, quando retornaram, vimos grande atraso, principalmente na questão motora e até mesmo cognitiva desses bebês”, observa.

 

Planos futuros

 

Vannina se emociona ao contar sobre a aposentadoria. Apesar de gostar muito do trabalho, ela disse ter avaliado que era o momento de cuidar de outros projetos. Agora, quer curtir os netos, estudar, assistir série, viajar e se aventurar em novos caminhos profissionais.

 

“Mesmo gostando do que faço, achei que era o momento de aposentar, após 31 anos de dedicação à carreira, e aproveitar os netos e fazer outras atividades”, planeja. Ainda em atividade, ela começou uma nova formação em psicanálise e pretende continuar atuando como consultora de amamentação, aprendizado adquirido por meio de formação específica nos anos de trabalho no hospital.

 

O importante, na sua visão, é manter a saúde física, mental e emocional na nova fase. “Ainda tenho muito sonhos a realizar e, principalmente, trabalhar em prol do que acredito”, completa.