Hospital da Criança tem tratamento especial contra a Obesidade
Hospital da Criança tem tratamento especial contra a Obesidade
Por Patrícia Kavamoto, da Agência Saúde DFAtendimento à imprensa:(61) 3348-2547/2539 e 9682-9226
Pacientes de 5 a 18 anos recebem assitência multidisciplinar
Os maus hábitos alimentares e a inatividade são considerados causas do aumento da obesidade na juventude. Com o intuito de acompanhar os pacientes e suas famílias, o Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) criou o Grupo de Obesidade, dividido em três faixas etárias (de cinco a nove anos, de 10 a 12 e acima de 12 com limite até os 18). A média de adesão em cada uma é de 12 pacientes.
A iniciativa teve início no primeiro semestre de 2011. Com o aumento das demandas ao longo do tempo, o grupo sofreu alterações, a fim de prestar melhor assistência aos pacientes obesos e familiares. “Queremos proporcionar momentos de fala e escuta, além da troca de experiências entre os membros do grupo”, afirma a psicóloga da saúde, Priscila Dias.
Com duração de seis meses, os participantes são acompanhados por uma equipe multiprofissional das áreas de Psicologia, Nutrição e Endocrinologia. Cada faixa etária se reúne com os profissionais de saúde uma vez por mês, sempre às sextas-feiras. Os encontros são realizados à tarde e duram cerca de duas horas. “Mensalmente, trabalhamos um tema específico com pais e pacientes. Acreditamos que não adianta passar a informação apenas para a criança, pois ela não vai ao supermercado sozinha”, comenta a psicóloga. Segundo ela, a colaboração dos responsáveis ou do cuidador é fundamental nesse processo. “Explicamos, orientamos e tentamos mexer no comportamento da família para ajudar a criança”, complementa.
Assuntos como alimentação saudável, redução de ansiedade, bullying e atividade física são trabalhados no grupo. “Jogamos as questões e orientamos ao final do encontro”, diz Priscila. Recomenda-se ao paciente não faltar para não perder a continuidade do acompanhamento.
Todo mês, o participante leva uma tarefa para casa. Em janeiro desse ano, o cronograma de rotina do paciente foi entregue, o qual deve ser preenchido no ambiente familiar e devolvido no mês seguinte para ser discutido em grupo. “No ambulatório, percebo crianças que ficam de sete a nove horas por dia sem atividade física. Eles estão no videogame, tablet, computador ou televisão, ao invés de jogar bola, correr atrás do cachorro, atividades que estimulamos a fazer nas reuniões”, relata.
Preocupada com os hábitos alimentares e com o peso do filho, Francimary Rodrigues, 58 anos, a mãe adotiva de Flávio Rodrigues, 10 anos, o levou ao centro de saúde, onde conseguiu pedido médico para a Endocrinologia do HCB. A criança ao passar pela consulta no hospital foi encaminhada para o Grupo de Obesidade. Ambos participam desde outubro de 2012.
“Esse grupo é excelente, vale a pena fazer parte dele, principalmente pelo empenho e solidariedade da equipe. Nos encontros não vemos somente o nosso problema, mas o dos outros também”, afirma Francimary. Para ajudar na educação alimentar do filho, ela mudou os hábitos dentro de casa. “Aderimos ao arroz, pão e macarrão integrais”, conta.
Flávio ressalta suas novas escolhas. “Gosto de suco de abacaxi e de comer melancia. Não gosto de tomar refrigerante e comer hambúrguer”, diz. O estudante também pratica natação, futebol e judô. “Ele está crescendo e já sabe o que faz mal”, comenta Francimary.
Para entrar no Grupo o paciente deve ser encaminhado pela equipe de Endocrinologia do HCB, que faz o diagnóstico de obesidade. Depois dessa etapa, o paciente participa de uma palestra que é realizada na última sexta-feira do mês. No encontro, a família recebe orientação geral sobre alimentação saudável e ansiedade. Em seguida, o paciente passa pela triagem.
O tratamento tem efeito a longo prazo e necessita da colaboração ativa, além da participação dos responsáveis e cuidadores. “A mudança de hábitos é trabalhosa. Exige persistência, responsabilidade tanto do paciente quanto dos familiares. Nós, profissionais de saúde estamos aqui para ajudar”, conclui a psicóloga Priscila.