14/08/2025 às 09h41

Vacinação: DF tem aumento de 58% nas doses aplicadas

Ações em escolas, espaços públicos e aos fins de semana contribuíram para avanço; cobertura vacinal de bebês cresceu, mas metas ainda não foram alcançadas

Humberto Leite, da Agência Saúde DF | Edição: Michelle Paixão

Nos seis primeiros meses de 2025, o Distrito Federal registrou 1.648.564 doses de vacinas aplicadas — um aumento de 58,27% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registradas 1.041.611 doses. O crescimento representa mais de 600 mil doses aplicadas a mais.

Um dos destaques no período foi a vacinação em escolas. A Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) promoveu 208 ações em unidades de ensino, com 14.597 doses aplicadas. Segundo a gerente da Rede de Frio Central da SES-DF, Tereza Luiza Pereira, além de ampliar o acesso, essas iniciativas têm caráter educativo. “A escola é um importante meio de educação e saúde. A vacinação no ambiente escolar reforça a importância da imunização junto às famílias”, afirma.
 

Uma das medidas para ampliar os números de vacinação é levar equipes da Saúde para a escola: foram 208 ações do tipo nos seis primeiros meses de 2025. Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde DF


Outras estratégias também contribuíram para o aumento da cobertura. O “Carro da Vacina”, por exemplo, percorreu ruas de várias regiões do DF, promovendo a busca ativa por pessoas não vacinadas. Além disso, foram montados postos temporários em locais de grande circulação, como supermercados, feiras, shoppings, praças e até no Zoológico.

Até julho, foram realizadas 136 ações do tipo. “Essas iniciativas ajudam especialmente quem tem dificuldade de ir até uma unidade de saúde durante a semana”, explica Zildene Bittencourt, chefe do Núcleo de Vigilância Epidemiológica e Imunização da Região Oeste da SES-DF.

Atualmente, mais de cem Unidades Básicas de Saúde (UBSs) mantêm salas de vacinação em funcionamento no DF. Em 2025, além das vacinas do calendário regular, estão sendo realizadas campanhas contra a dengue — para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos — e contra a gripe (influenza), liberada para toda a população a partir de seis meses de idade. Também seguem disponíveis as doses contra o HPV para adolescentes de até 19 anos que ainda não iniciaram o esquema vacinal.

Cobertura vacinal avança, mas desafios permanecem

Entre os resultados positivos, destaca-se o aumento das coberturas vacinais em crianças de zero a dois anos. Houve crescimento em vacinas como poliomielite, rotavírus, hepatite B, meningocócica C, varicela e tríplice viral. A maior elevação foi registrada na vacina pneumocócica 10-valente (Pnmeumo-10V), que passou de 82,2% para 92,19% de cobertura.

Apesar dos avanços, algumas metas seguem distantes do ideal. A vacinação contra a dengue, por exemplo, ainda apresenta baixa cobertura: apenas 56,6% das crianças e adolescentes de 10 a 14 anos receberam a primeira dose, e apenas 30,5% completaram o esquema com as duas doses. A meta é vacinar 90% dessa população.
 

Entre os resultados positivos estão o aumento das coberturas vacinais em crianças de zero a dois anos contra doenças como poliomielite e hepatite. Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde DF


População tem papel decisivo

Para enfrentar os desafios ainda existentes, a SES-DF iniciou em julho do ano passado uma nova frente de busca ativa por meio de mensagens via WhatsApp, alertando pessoas com doses em atraso. A medida busca ampliar o alcance das ações e facilitar o acesso à informação.

Contudo, especialistas alertam: sem o engajamento da população, os riscos de reintrodução de doenças graves e letais continuam presentes. “A vacinação é um direito garantido, mas também uma responsabilidade coletiva. O cidadão precisa se reconhecer como protagonista na proteção da sua saúde e na prevenção de surtos que colocam todos em risco”, reforça Fernando Erick, coordenador da Atenção primária.
 

Mais de cem Unidades Básicas de Saúde (UBSs) mantêm salas de vacinação em funcionamento no DF. Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde DF