11/11/2014 às 11h42

Ambiência humaniza unidades de saúde do DF

Conceito presente nas UPAs, em alguns hospitais e centros de saúde promove atenção mais acolhedora


BRASÍLIA (11/11/14) – A ambiência, uma das ferramentas da Política Nacional de Humanização, pode ser percebida em cada vez mais unidades de saúde do Distrito Federal. Segundo o Ministério da Saúde, ambiência é o tratamento dado ao espaço físico entendido como espaço social, profissional e de relações interpessoais que deve proporcionar atenção acolhedora, resolutiva e humana.


Um dos melhores exemplos da importância dessa ferramenta na saúde pública do DF são as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), que exigem no contrato com a empresa construtora que a ambiência seja contemplada.


Segundo Cristiane de Aguiar, coordenadora das UPAs do DF, já na entrada usuários e trabalhadores podem perceber que a ambiência esteve presente na concepção da unidade. Na recepção há fotos de monumentos de Brasília e adesivos inspirados na arte de Athos Bulcão. "Você não lembra de doenças", ressalta Cristiane.


Dentro há jardim interno e os corredores são espaçosos. "Tudo foi pensado visando o bem estar do paciente e dos trabalhadores na unidade", explica.


Já os ambientes pediátricos das UPAs são decorados com ilustrações. "As salas são decoradas para que o público infantil se sinta em seu ambiente e não no da doença", ilustra Cristiane.


A arquiteta Erika Muller, do escritório Oster Design, responsável pela parte de ambiência e sinalização das UPAs conta que o projeto foi pensado para criar espaços em que tanto pacientes quanto trabalhadores se sintam acolhidos.


"Você vai humanizar aquele espaço para que as pessoas se sintam mais tranquilas e os doentes possam se distrair da sensação ruim que as leva a procurar atendimento médico", defende a arquiteta.


A coordenadora geral de saúde da Asa Sul, Roselle Steenhouwer, recorda que os espaços pensados a partir da ambiência são importantes também para a interação de usuários e diferentes trabalhadores profissionais. "É importante, inclusive para a construção de conhecimento".


HMIB
A psicóloga do Hospital Materno-Infantil (HMIB), Clarissa Telles Kahn, que atende no centro obstétrico e no banco de leite, acredita que no caso das crianças, a ambiência ajudar a facilitar o processo de hospitalização. "Eles já têm medo do jaleco branco, se a isso fossem somadas paredes brancas, a internação fica mais complicada", defende.


Entre os ambientes do HMIB que foram pensados levando em consideração a ambiência, um dos mais ilustrativos é a enfermaria da cirurgia pediátrica, também chamada de "day care". Por lá passam crianças no pré e pós-operatório de cirurgias mais simples, que recebem alta no mesmo dia.


No "day care", as paredes e macas são decoradas e o jaleco branco dos auxiliares de enfermagem foi substituído por estampas cheias de desenhos com temática infantil.


"Quando você se veste de branco, algumas crianças choram e acham que você está invadindo a privacidade delas, já com o jaleco colorido, elas prestam atenção nos desenhos e ficam distraídas", explica a auxiliar de enfermagem, Alda Lúcia, que trabalha na unidade.


Roseli Oliveira Passos, mãe da pequena Nicole Oliveira Silva, de 4 anos, que passou por cirurgia na vesícula aprova a ambiência da enfermaria e acredita que ajuda no processo de recuperação dos pacientes. "Acho que as crianças ficam mais animadas num ambiente assim", opina.


Alda Lúcia defende ainda que a ambiência contribui para que tanto pacientes quanto acompanhantes fiquem menos estressados e apreensivos com relação à cirurgia.


Para Clarissa Telles Kahn, a ambiência durante o trabalho de parto é de fundamental importância. "A sala deve estar com pouca luz, não muito fria e o ideal é a mulher possa ter acesso a chuveiro de água morna ou a uma banheira para reduzir a dor das contrações", explica.


A psicóloga ressalta que para a ambiência funcionar, é preciso que a equipe que estiver atendendo seja humanizada e entenda a importância que a ambiência exerce no bem estar dos pacientes e trabalhadores.


A coordenadora geral de saúde da Asa Sul acredita ainda que os pacientes que chegam a um espaço concebido a partir ferramenta de humanização já se sentem menos doentes. "A ambiência é meio caminho andado para a cura dos pacientes", resume.