25/01/2022 às 17h04

Bebê de 11 meses recebe transplante de pele no Hran

Primeiro procedimento do gênero em 2022, realizado com autorização emergencial junto ao Ministério da Saúde, durou cerca de duas horas

JURANA LOPES, DA AGÊNCIA SAÚDE-DF | EDIÇÃO: JOHNNY BRAGA | REVISÃO: JULIANA SAMPAIO

Transplante de pele (foto acima) realizado em 2021, no Hran - Foto: Breno Esaki/Arquivo-SES

 

 

O Hospital Regional da Asa Norte (Hran) fez o primeiro transplante de pele em 2022. O paciente é um bebê de 11 meses que teve 40% do corpo queimado após um acidente doméstico. A cirurgia durou cerca de duas horas e a criança recupera-se bem.

 

Para a realização do procedimento ocorrido em 20 de janeiro, foram transplantados cerca de 900 cm² de pele. O Hran, que conta com uma unidade de queimados, é referência no atendimento aos pacientes com queimaduras no Distrito Federal.

 

O hospital está em processo de credenciamento como unidade realizadora de transplantes de pele e faz esse tipo de procedimento com autorização emergencial junto ao Ministério da Saúde. Uma vez liberado, a equipe de transplante de pele do Hran envia o pedido ao Banco de Tecidos, que fornecerá o órgão.

 

Atualmente, o Brasil possui cinco bancos de pele, em Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Ribeirão Preto (SP). Eles fornecem pele para todo o país. “No caso dessa criança transplantada em 2022 o pedido de pele foi no Banco de Tecidos do Rio de Janeiro. Fizemos a solicitação na terça-feira pela manhã e recebemos a pele na quarta-feira à noite”, afirma Fernando Pontes, médico da Unidade de Queimados do Hran e responsável técnico da equipe de Transplante de Pele.

 

Procedimentos

 

O transplante de pele já é uma realidade no Hran, o primeiro ocorreu em meados de 2018. Em 2021 foram realizados três, todos de grandes áreas queimadas e com risco de morte. Os pacientes transplantados eram crianças de 3, 5 e 11 anos, respectivamente.

 

“Não tivemos nenhum óbito de transplantados até hoje. O Ministério da Saúde patrocinou um curso de capacitação em transplante de pele no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo, para nós, da Unidade de Queimados do Hran. Três cirurgiões da Unidade de Queimados já fizeram. Inclusive, fui da primeira turma”, explica.

 

De acordo com o médico, o Hran já recebeu uma visita técnica do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da Saúde. No entanto, o MS está fazendo uma modificação na legislação e interrompeu todos os credenciamentos. Por conta disso, o hospital aguarda a publicação da nova portaria para finalizar o credenciamento.

 

Os transplantes de pele são todos considerados cirurgias de urgência e não existe fila para esse procedimento. Fernando informa que a portaria antiga do MS estipula que o transplante seja realizado em pacientes com 40% de superfície corporal queimada. “Mas, temos feito também em casos com superfície corporal queimada um pouco menor, porém grave e em que o paciente pode se beneficiar do transplante”, explica.

 

Segundo o responsável técnico da equipe de Transplante de Pele do Hran, não existem problemas de compatibilidade nos transplantes de pele. A cor da pele depende da etnia do doador. Entretanto, não vai fazer diferença porque a epiderme, que é a camada que dá cor à pele, não é íntegra no organismo.