Boletim da Saúde aponta piora da qualidade do ar
Boletim da Saúde aponta piora da qualidade do ar
Baixa qualidade do ar na estação seca aumenta risco de problemas respiratórios, cardiovasculares e mortes prematuras
Michele Horovits, da Agência Saúde DF | Edição: Willian Cavalcanti
O Distrito Federal enfrenta episódios críticos de poluição atmosférica neste período de seca. São mais de 100 dias sem chuva e temperaturas ultrapassando 35ºC. De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre 24 e 30 de agosto, a concentração de partículas no ar ficou acima dos padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS) por mais de dois dias consecutivos.
O monitoramento realizado pela Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), em maio e junho, já havia identificado níveis elevados de material particulado (MP10 e MP2,5) em regiões como Fercal Oeste, Fercal Boa Vista e Jardim Zoológico. Em alguns pontos, como em Fercal Boa Vista, as concentrações ultrapassaram 100 µg/m³, valor muito acima dos limites recomendados pela OMS.

Segundo a gerente de Vigilância Ambiental da SES-DF, Andressa do Nascimento, o material particulado é hoje o poluente mais preocupante para a saúde pública. “As partículas mais finas, conhecidas como MP2,5, penetram profundamente nos pulmões e podem atingir a corrente sanguínea, aumentando os riscos de problemas respiratórios, cardiovasculares e até de mortes prematuras”, explica.
A especialista ressalta que a poluição do ar tem impacto direto no número de internações hospitalares. Entre idosos com mais de 60 anos, observa-se crescimento nas ocorrências de doenças cardiovasculares durante a estiagem. “Já entre crianças menores de cinco anos, os casos de agravos respiratórios tendem a se intensificar a partir de agosto, coincidindo com o aumento da concentração de material particulado”, conta.
Formado por partículas de combustíveis fósseis, fuligem de veículos, cinzas de queimadas, emissões industriais e metais pesados, o MP2,5 é descrito como um “coquetel tóxico” invisível, cerca de 30 vezes mais fino que um fio de cabelo. Sua presença no ar se intensifica durante a estação seca, quando a falta de chuvas, as altas temperaturas e as queimadas urbanas e rurais favorecem a piora da qualidade do ar.

Crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas estão entre os mais vulneráveis. A orientação da SES é evitar atividades físicas ao ar livre em dias de alerta e seguir as recomendações médicas. A hidratação constante também é fundamental: beber entre dois e três litros de água por dia ajuda a prevenir sintomas como dor de cabeça, fadiga e irritação nos olhos.
Com a última chuva registrada em 24 de junho, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a preocupação aumenta. “A integração entre a vigilância ambiental e os serviços de saúde é essencial para reduzir os impactos da poluição. Campanhas educativas, alertas em tempo real e medidas estruturais de redução das emissões são fundamentais para proteger a população”, reforça a gerente.
