DF recebe Selo de Boas Práticas na busca pela eliminação da transmissão vertical do HIV
DF recebe Selo de Boas Práticas na busca pela eliminação da transmissão vertical do HIV
Certificação reflete o trabalho da Secretaria de Saúde ao implementar boas práticas durante o pré-natal, garantindo diagnóstico e tratamento humanizado a mulheres com o vírus
Michelle Horovitz, da Agência Saúde | Edição: Natália Moura
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) recebeu do Ministério da Saúde (MS) o Selo Prata de Boas Práticas rumo à eliminação da transmissão vertical do vírus da imunodeficiência humana (HIV, sigla em inglês). A gestora da pasta, Lucilene Florêncio, recebeu o documento das mãos da ministra da Saúde, Nísia Trindade, em evento de solenidade realizado na sexta-feira (8).

Além do orgulho de ver o DF avançando no impedimento da transmissão do vírus da mãe ao bebê, a secretária enfatizou que é preciso ainda olhar para os profissionais da Atenção Primária e Secundária, partes importantes da conquista. "Esse tema é particularmente emocionante para mim, pois é minha área de formação: ginecologia e obstetrícia. Em nossa jornada em defesa do Sistema Único de Saúde [SUS], convido todos a refletir, desde a Unidade Básica de Saúde [UBS], onde acolhemos a gestante no pré-natal, até a ampliação do acesso à saúde da família. Não podemos esquecer também que é preciso valorizar essas equipes, fundamentais para atingirmos o resultado positivo.”
Desde 2017, o MS reconhece estados brasileiros que conseguem eliminar a transmissão vertical do HIV em seus territórios. Para a ministra, a saúde se constrói com a atuação coletiva. "Nosso trabalho está apenas começando e precisamos da força presente para alcançarmos a total eliminação do HIV no país", alertou Trindade. A meta da pasta federal é alcançar as populações prioritárias e mais vulneráveis, como pessoas em situação de rua, privadas de liberdade, ou aquelas vivendo com HIV/Aids, e também imigrantes e comunidades indígenas.

O que é?
A Transmissão Vertical (TV) ocorre quando a doença é passada da mãe para o filho no útero ou durante o parto. Ao iniciar o pré-natal no período preconizado (12ª semana), as mães com HIV podem evitar a transmissão da doença aos bebês.
A gerente de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis da SES-DF, Beatriz Maciel, esteve no evento e celebrou junto à equipe a conquista do selo. A profissional ressaltou a sensação de dever cumprido ao receber o reconhecimento. “É um estímulo vital para que os servidores continuem trabalhando com dedicação rumo à eliminação total do HIV. Manter a articulação entre a assistência e a vigilância é crucial para avançar ainda mais", afirmou. Para ela, é importante que os profissionais de saúde compreendam seu papel nessa linha de cuidado, tanto às mulheres e às gestantes vivendo com o HIV quanto às crianças expostas.
Diretor de Vigilância Epidemiológica, Adriano de Oliveira explicou que a SES-DF replica a lógica de boas práticas em diversas Regiões Administrativas. "Estamos empenhados no processo para eliminar verticalmente o HIV e também a sífilis", destacou durante a entrega.
Desafios
Líder do Movimento Nacional de Cidadãs Positivas, Janice Lilian Pisão é uma pessoa com HIV. Ela compartilhou as dificuldades que as mulheres doentes enfrentam para superar o preconceito e a discriminação. Como mãe, Janice foi diagnosticada com o vírus aos 30 anos. Hoje com 74, diz que o HIV não interrompeu seus sonhos de futuro. Mesmo com os receios iniciais, deu início ao tratamento assim que soube que vivia com o vírus.
"Eu tinha medo de revelar que tinha HIV e que minha criança enfrentasse o mesmo preconceito que eu”, disse. A filha não carrega o vírus, mas Janice acredita que, mesmo 40 anos após o seu diagnóstico, as pessoas ainda têm dificuldade de assumir que convive com o vírus. “O medo do estigma da doença persiste", acrescentou a ativista, que aposta na solidariedade e no acolhimento para empoderar outras mulheres com HIV.
