15/05/2019 às 16h52

Eventos na Saúde marcam o Dia Nacional de Luta Antimanicomial

Programação inclui caminhada, apresentações culturais, práticas integrativas e rodas de conversaAlline Martins, da Agência SaúdeFotos: Mariana Raphael - Saúde-DFArte: Rafael Ottoni - Saúde-DF

    Em alusão ao Dia Nacional de Luta Antimanicomial, em 18 de maio, os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) prepararam atividades para lembrar a data. Caminhada, apresentações culturais, práticas integrativas e rodas de conversa marcam a programação, com atividades até sexta-feira (17).   Nesta quinta-feira (16), no Caps II de Taguatinga realizará algumas práticas integrativas, a partir das 8h. No Caps do Riacho Fundo I, uma roda de conversa tratará da reforma psiquiátrica. Nesse mesmo dia, ainda pela manhã, o Caps AD de Sobradinho II também fará uma roda de conversa para discutir os aspectos da saúde mental.   A partir das 13h, no Complexo Cultural de Samambaia, acontecerá o II Sarau “De médico a louco todo mundo tem um pouco”. No mesmo dia, a partir das 14h, haverá um festival de talentos no Caps AD de Ceilândia. O evento que finaliza a programação será realizado no Caps II de Taguatinga, com um sarau cultural, na sexta-feira (17).   REDE – Os Centros de Atenção Psicossociais fazem parte da rede de atendimento a transtornos psicológicos da Secretaria de Saúde. São 16 Caps, divididos em atendimento infantil, transtornos psicológicos e álcool e drogas.   A atenção psicossocial ainda é formada pelo Instituto de Saúde Mental, Adolescentro, Centro de Orientação Médico Psicopedagógico (Compp) e Hospital São Vicente de Paulo (HSVP). Porém, as unidades básicas de saúde e os hospitais de toda rede estão preparados para prestar atendimento a este público.   “Nós temos uma luta constante para melhorar a assistência integral à saúde mental. Estamos em busca da regularização dos medicamentos, fortalecimento dos serviços e tentando aumentar o quantitativo de profissionais para melhorar a assistência”, enumera a diretora de Serviços de Saúde Mental, Elaine Bida.   HSVP – Um dos braços da atenção psicossocial, o Hospital São Vicente de Paulo é a referência para o atendimento dos transtornos graves. “Ao chegar, o paciente é avaliado por uma equipe multiprofissional. O tempo médio de internação é de 14 dias, mas, dependendo do caso, ele pode ficar por mais tempo em tratamento”, explica o psiquiatra e diretor de Assistência à Saúde da unidade, Rafael Pinheiro Calzada.   Durante a internação, o paciente é acompanhado por psicólogos, psiquiatra, nutricionista, assistente social, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e equipe de enfermagem. Recebem seis refeições por dia, têm direito a visita de familiares e, aqueles com crises mais controladas, podem participar do projeto PS Dia.   “O PS Dia é um modelo semelhante ao Caps, para pacientes que saíram da crise e querem fazer alguma atividade. Tem um ponto comunitário de encontro para atividades físicas, horta, salinha de jogos como pingue-pongue, sessões de cinema e área de descanso”, conta Rafael.   Além disso, o hospital promove algumas atividades para envolver os pacientes, como a cantina terapêutica, onde um chefe de cozinha e nutricionistas da unidade ensinam aos pacientes receitas saudáveis e que ajudam a aliviar determinados problemas, como depressão e ansiedade.   Durante o tempo em que esteve internada no HSVP, a auxiliar de cozinha Isabel Ribeiro resolveu fazer a oficina da cantina terapêutica. “Quando soube do projeto, quis participar porque isso me aproxima do que eu fazia antes de ser internada. Isso me faz bem. Começo a ter vontade de trabalhar novamente”, conta ela que, por conta própria, buscou ajuda na unidade após quase ter cometido suicídio.   Além do atendimento de pronto-socorro, o HSVP tem oito ambulatórios e atendimento individual com psicoterapia.   LUTA – No fim da década de 70, muitos movimentos ligados à saúde denunciaram abusos cometidos em instituições psiquiátricas, além da precarização das condições de trabalho. A partir daí, surgiram movimentos organizados por trabalhadores de saúde mental. O Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental e o Movimento Sanitário foram dois dos maiores responsáveis por essa iniciativa.   Em 18 de maio em 1987, foi realizado um encontro de grupos favoráveis a políticas antimanicomiais. Nesse encontro, surgiu a proposta de reformar o sistema psiquiátrico brasileiro. Pela relevância daquele encontro, a data de 18 de maio tornou-se o Dia de Luta Antimanicomial.