23/06/2017 às 13h36

Hospital de Apoio é referência nacional em cuidados paliativos geriátricos

Mais de 200 pacientes e suas famílias são atendidos mensalmente na instituição

BRASÍLIA (23/6/2017) - "Admitimos que antes de 'nossa família' pertencer ao quadro de pacientes desta instituição, não tínhamos o mínimo conhecimento do trabalho realizado por esta equipe. Tivemos uma oportunidade única de usufruir da companhia de nossa querida e amada mãezinha e vivenciar com ela a finitude da limitação humana".

A pungente mensagem acima, carregada de sincera gratidão, foi dirigida em carta por uma profissional de saúde, Margarete Martins dos Santos, em reconhecimento aos cuidados paliativos prestados aos últimos dias de sua mãe , Francisca Martins dos Santos, pela equipe multiprofissional do Hospital de Apoio de Brasília (HAB), "que nos fez ver de forma clara a morte como um processo natural e que cabe somente a você decidir como será".

Apesar da serenidade e agradecimento demonstrados por Margarete em relação ao tratamento dispensado à fase final da vida de sua mãe, ela conta que o processo de aceitação vem permeado por um grande desgaste emocional. "Minha mãe tinha um histórico de diabetes, hipertensão e dois acidentes vasculares-cerebrais. Depois de passar por um doloroso período de internação no HRAN e as complicações inerentes às UTIs, a equipe do hospital sugeriu a mudança para o Hospital de Apoio".

Logo após a mudança, ela relata o sentimento de contrariedade demonstrado pela irmã, não conformada com a realidade da iminente perda da mãe. "A escolha era a seguinte: a volta para a UTI, onde ela ficaria privada do convívio familiar, ou o ambiente humanizado do Hospital de Apoio, amparado pela equipe multiprofissional, tanto em relação aos cuidados físicos quanto aos emocionais". Prevaleceu, então, de forma unânime entre os familiares, a opção pelo HAB, "a escolha por um fim natural, com toda a dignidade que a nossa vida merece".

O caso relatado por Margarete Santos faz parte da rotina dos pacientes que ocupam os 29 leitos do HAB, sendo 10 de cuidados paliativos geriátricos e 19 oncológicos. O hospital também é pioneiro nacionalmente na atenção geriátrica nessa fase da vida, internando pacientes com demência em fase grave, idosos em estado de extrema fragilidade ou com enfermidades crônicas e indicação de cuidados paliativos.

"O nosso objetivo é dar conforto aos usuários e familiares no transcorrer dessa fase, com o apoio de uma equipe integrada por profissionais de psicologia, terapia ocupacional, fisioterapia, serviço social, enfermagem, farmácia e medicina, com abordagem física, psíquica e espiritual, respeitando-se as convicções próprias dos indivíduos e suas famílias", afirma a chefe da Unidade de Cuidados Familiares do hospital, Erika Oliveira.

Ao tomar conhecimento sobre a existência de uma doença grave, o fato atinge não somente a pessoa, mas toda a família, com uma série de repercussões de caráter físico, mental e social. Assim, afloram questões como o temor da morte e a insegurança no meio familiar, receoso pelo desamparo e até mesmo por questões cotidianas, como um possível decréscimo da renda e a consequente redução nos padrões de qualidade de vida, relatam os profissionais do HAB.

A unidade atende cerca de 200 usuários mensalmente, entre o público do ambulatório e da ala de internação. Apesar do tabu que acompanha o assunto, aos poucos a atuação dos profissionais de cuidados paliativos vai ganhando espaço na sociedade com a expansão da consciência sobre os limites da vida humana – um fato óbvio mas não aceito da forma serena como deveria ser. "Essa é a nossa missão, dar dignidade a essa fase da vida, integrando as famílias não apenas no momento da finalização, mas prestando suporte na fase posterior ao óbito", esclarece a geriatra Alexandra Arantes. Ou, como diria o poeta, a importância maior não está no fim do caminho, o que importa verdadeiramente é a caminhada.

Leia aqui a íntegra da carta enviada ao HAB.

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