29/05/2025 às 19h20

Projeto AVC no Quadrado vai ampliar atendimento no DF

Hospitais regionais do Gama e de Sobradinho vão realizar procedimentos avançados para tratamento de acidente vascular cerebral; Hospital de Base passará a oferecer método inovador no Brasil

Humberto Leite, da Agência Saúde-DF | Edição: Willian Cavalcanti

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) lançou, nesta quinta-feira (29), o projeto “AVC no Quadrado”, uma iniciativa para ampliar o atendimento a pessoas vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), além de oferecer mais uma técnica avançada para tratamento. O foco é tanto reduzir a mortalidade quanto as sequelas em pacientes.

Com o projeto “AVC no Quadrado”, a trombólise endovenosa, tratamento hoje disponível apenas no Hospital de Base, passará a ser oferecida também nos Hospitais Regionais do Gama (HRG) e de Sobradinho (HRS). O procedimento apresenta resultados considerados significativos: a cada 100 pacientes que passam pela trombólise endovenosa, 32 apresentam melhora clínica e 13 ficam sem sequelas. A técnica consiste na administração de medicamentos para dissolver o coágulo sanguíneo que bloqueia a artéria afetada, restaurando a normalidade da circulação no cérebro.
 

Evento reuniu a administração da Secretaria de Saúde, além de representantes do Corpo de Bombeiros e do IgesDF. Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF

Já o Hospital de Base, atualmente a única unidade do DF a oferecer trombólise intravenosa 24h, passará a oferecer também a trombectomia mecânica, técnica avançada e de alta complexidade no tratamento agudo de casos selecionados. O principal benefício é permitir tratamento até 24 horas após o acidente vascular cerebral. 

“Os impactos desse projeto são inúmeros. A partir do momento em que paramos para pensar em uma entrega de valor para a população, trabalhamos com propósito”, comemora o secretário de Saúde do DF, Juracy Cavalcante. A iniciativa reúne tanto a gestão central da SES-DF quanto as diretorias dos hospitais, além do Corpo de Bombeiros, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IgesDF).

O evento realizado na Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências de Saúde (Fepecs) contou com a presença de Vítor Paulo Júnior, 35 anos, que sofreu um AVC há dois anos e conseguiu se recuperar quase sem sequelas. “Eu sei da importância de ter um atendimento com velocidade, com rapidez, para evitar problemas ainda maiores. Esse programa hoje ajuda a dar visibilidade ao tema”, elogia. 
 

O paciente Vítor Paulo Júnior compartilhou a sua trajetória de recuperação após um AVC e elogiou o projeto: “Ajuda a dar visibilidade ao tema”. Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF

A secretária-adjunta de Assistência à Saúde da SES-DF, Edna Maria Marques, destacou os avanços da pasta no tratamento de doenças cardíacas e ressaltou a determinação em ampliar o atendimento para os casos de AVC. “Queremos expandir esse projeto para todos os hospitais da Secretaria de Saúde e transformá-lo em modelo para o Brasil”, afirma. 

Outra face do projeto “AVC no Quadrado” foi destacada pela médica neurologista da SES-DF, Letícia Rebello. Trata-se da integração de equipes dos hospitais por meio do Telestroke, ferramenta de telemedicina que possibilita até o envio de exames de imagem em tempo real. “Temos acesso a esse dispositivo pelo celular. Isso é um marco. Nunca havíamos conseguido essa integração, e isso vai revolucionar a assistência”, explica. 
 

Secretária-adjunta de Assistência à Saúde da SES-DF, Edna Maria Marques, e o secretário de Saúde, Juracy Cavalcante, destacaram a importância do projeto “AVC no Quadrado” para os pacientes do DF. Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF

Alta demanda

O acidente vascular cerebral é uma das principais causas de mortes no Brasil, com uma vítima a cada sete minutos, chegando a 120 mil por ano. Cerca de 70% dos sobreviventes ficam com algum grau de incapacidade e 50% tornam-se dependentes para as atividades do dia a dia. No DF, em 2023, foram mais de R$ 7,4 milhões em custos com internações por AVC, com uma média de R$ 2,9 mil por hospitalização.