08/11/2024 às 08h03

VII Jornada Acadêmica discute novos caminhos para Rede de Atenção Psicossocial do DF

Evento reúne estudantes, especialistas e usuários para debater novos caminhos para área

Karinne Viana, da Agência Saúde- DF | Edição: Natália Moura

Com o objetivo de debater a desinstitucionalização e fortalecer a Rede de Atenção Psicossocial (Raps), a Secretaria de Saúde (SES-DF) realizou, nesta quinta-feira (7), a VII Jornada Acadêmica do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental do Adulto. O evento, que ocorreu no auditório do Centro Universitário Iesb, em Ceilândia, contou com a participação de cerca de 250 pessoas, entre estudantes residentes, profissionais e usuários da rede pública.

“Estamos no processo de desmobilizar leitos psiquiátricos especializados, o que exige a criação de estratégias e serviços substitutivos a esses hospitais de saúde mental", explica a gerente de Normalização e Apoio de Saúde Mental da SES-DF, Jamila Zgiet. O evento, segundo ela, permite que profissionais experientes da rede contribuam com ideias e experiências para avançar de maneira sólida e sustentável nesse caminho. 

A programação incluiu discussões sobre panorama da Raps no DF, planos para desinstitucionalizar, atuação dos Centros de Convivência em Saúde Mental, além da apresentação de experiências dos residentes nas unidades de saúde mental. Também foi abordado o início das primeiras residências terapêuticas na capital, que visam oferecer suporte aos usuários em ambientes menos restritivos e mais próximos da convivência social. 

“Queremos que a população conte com profissionais de saúde capacitados e os pacientes recebam um tratamento aberto, que priorize o cuidado pela via dos direitos humanos, realmente digno e respeitoso”, aponta a coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental do Adulto, Waleska Batista.
 

Programação incluiu, entre outros pontos, panorama da rede psicossocial no DF e a atuação dos Centros de Convivência em Saúde Mental. Foto: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde-DF


Inclusão

Outro destaque da jornada foi a Feira de Economia Solidária que, por meio da exposição do trabalho de usuários da rede, busca incentivar a participação social e a geração de renda. Ambos são formas de reduzir os danos causados pelo uso de álcool e outras drogas.

Um dos trabalhos foi a exibição ‘Autorretrato desconstruído, ninguém me define’, do grupo de mulheres da Unidade Básica de Saúde (UBS) 12 de Ceilândia. Há quase um ano no grupo, a paciente Conceição de Maria Fonseca, 56, relata que, antes da troca e participação, se sentia triste e sozinha. "Hoje estou bem melhor, gosto de ir nas rodas de conversa e também na reunião de geração de renda, que tem me ajudado financeiramente”.
 

Destaque no evento, a Feira de Economia Solidária busca reduzir danos causados pelo uso de substâncias por meio da inclusão e da geração de renda.  Foto: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde-DF


Segundo a psicóloga da unidade, Melissa Pina, a atividade busca promover o autoconhecimento e a valorização da identidade feminina. “As mulheres precisam perceber que o transtorno mental, seja por uso abusivo de substâncias ou relacionado a algum sofrimento, não as define. Essas atividades as ajudam a perceber que elas têm, sim, uma vida e uma identidade”, concluiu.


07.11.2024  VII Jornada Acadêmica, com o tema Desinstitucionalização na Rede de Atenção Psicossocial do DF