Ativação das residências terapêuticas é marco para serviços de saúde mental no DF
Ativação das residências terapêuticas é marco para serviços de saúde mental no DF
Novas unidades vão promover qualidade de vida e maior autonomia a pacientes, além de liberar leitos em hospitais
Agência Saúde-DF | Edição: Edit Silva
A ativação das primeiras residências terapêuticas da Secretaria de Saúde (SES-DF), na próxima semana, representará um marco para a rede de saúde mental no Distrito Federal, com a promoção de uma rotina com crescente autonomia para os pacientes. Serão inicialmente 20 vagas, dez femininas e dez masculinas, beneficiando pacientes hoje internados em hospitais há dois anos ou mais.
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"Essa casa é um divisor de águas na saúde mental do Distrito Federal. É uma vitória para a nossa saúde pública, para os nossos servidores, para a nossa Secretaria e, principalmente, para os nossos cidadãos", afirma a governadora em exercício, Celina Leão. Ela esteve nesta quarta-feira (10) em uma das residências, localizada na região Leste de Saúde, onde dez mulheres vão morar a partir da próxima semana. Uma outra casa irá receber o público masculino.
Fisicamente, uma residência terapêutica é uma casa tradicional: três quartos, três banheiros, sala, cozinha, jardim, quintal e até uma churrasqueira. O propósito é estimular uma rotina mais próxima possível da tradicional, com autonomia e reinserção social. Cada morador vai manter seu atendimento regular em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), além de poder contar com as demais unidades de saúde. Além disso, há uma equipe de apoio 24 horas, com enfermeiro, técnico de enfermagem, cuidador, cozinheiro e profissional de serviços gerais.
“Com as residências terapêuticas, estamos alinhados às legislações de saúde mental e de direitos humanos, promovendo a alta médica e manutenção do acompanhamento clínico para desinstitucionalização e reabilitação psicossocial, com ganho de qualidade de vida para esses pacientes”, detalha a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio. A pasta tem edital aberto para contratação de outras residências. A meta é oferecer cem vagas.
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A diretora de Serviços de Saúde Mental da SES-DF, Fernanda Falcomer, explica que os futuros residentes são pessoas com mais de 18 anos, portadores de transtornos mentais graves e persistentes, sem moradia, nem suporte familiar, financeiro ou social necessários para proporcionar outras formas de reinserção social. "As residências terapêuticas são uma das principais estratégias que a rede psicossocial tem para promover a desinstitucionalização. Ao mesmo tempo, o projeto terapêutico de cada morador vai contemplar todas as áreas da vida, mantendo o tratamento e estimulando o protagonismo e as potencialidades do cidadão", detalha.
Os moradores estão há pelo menos dois anos internados em hospitais da SES-DF, o que também significa a desocupação dessas vagas para outros pacientes que necessitem de apoio. "O hospital é para resolver problemas agudos. Tem o seu lugar, mas não é para ninguém viver no hospital", acrescenta o médico psiquiatra Thiago Blanco, que é Referência Técnica Distrital (RTD) da SES-DF para a área.
Fortalecimento da rede de atenção mental
Além da contratação de residências terapêuticas, a Secretaria de Saúde planeja a implantação de mais cinco CAPS até o início de 2026. Dois serão destinados ao público infantojuvenil (Capsi), no Recanto das Emas e em Ceilândia, e outros dois ao tratamento em tempo integral de distúrbios causados pelo abuso de álcool e outras drogas (Caps III AD), no Guará e em Taguatinga. A quinta unidade deve ser implementada no Gama, com atendimentos previstos para se iniciarem já em 2025, com funcionamento 24 horas. O serviço de saúde mental também tem como porta de entrada a rede de 176 Unidades Básicas de Saúde.