Brucelose

A brucelose humana é causada por bactérias do gênero Brucella spp. da família Brucellaceae. De forma geral, a doença acomete com maior frequência aos trabalhadores rurais (ex: vaqueiros, boiadeiros, vacinadores, tratadores de animais, produtores de carne, leite e queijo), veterinários, trabalhadores de frigorifico (ex. abatedores) e trabalhadores de laboratórios. 


É uma das mais importantes zoonoses bacterianas, com mais de meio milhão de casos novos em humanos reconhecidos anualmente, principalmente em países em desenvolvimento.

A brucelose humana é subdiagnosticada e subnotificada. 

É hiperendêmica em áreas do Mediterrâneo, Península Arábica, Índia, México, América Central e América do Sul. 

Raramente é fatal nos seres humanos (letalidade de 0,1%).

Como se transmite:
 A transmissão se dá principalmente por:  
    • Contato com material contaminado (sangue, urina, secreções, fetos abortados, restos placentários) com a conjuntiva ou pele lesionada; 
    • Ingestão de produtos contaminados (sobretudo lácteos não pasteurizados (inclusive queijos), carne, medula óssea e vísceras malcozidas);  
    • Inalação de bactérias - aerossolização (limpeza de estábulos, movimentação do gado, procedimentos em abatedouros ou laboratórios).  
    • Inoculação - acidental durante a vacinação dos animais.  

Pela possibilidade de transmissão pelo contato com material contaminado de animais durante as atividades profissionais do paciente, deve-se estar atento para caracterizar a brucelose, nessa situação, como doença relacionada ao trabalho.

Sintomas:
O período inicial da doença é caracterizado por febre, que pode ser intermitente (quadro clássico), acompanhada de mal-estar, sudorese, anorexia e prostração. A brucelose pode durar semanas ou meses se não tratada.  

A descrição de uma tríade de sintomas que caracteriza a doença (embora inespecífica) é encontrada na literatura:  
  • Febre: (superior a 38ºC), pode se apresentar de forma remitente, intermitente, irregular ou ondulante; apresenta acentuação vespertina, prolongando-se durante a noite, com período de remissão matinal.  
    • Sudorese profusa: predominantemente noturna, com cheiro desagradável.  
    • Dor: artralgia de pequenas e grandes articulações, mialgia e cefaléia.  

O período de incubação é de 5 a 60 dias, podendo perdurar por até dois anos. 

Tratamento:
É feito com antibióticos e de acordo com a avaliação clínica e tipo de exposição do paciente

O que fazer em caso de suspeita de brucelose humana:    
Pacientes com sintomatologia compatível com brucelose, com história epidemiológica sugestiva, pelo contato com material contaminado (tecidos, sangue, urina, secreção vaginal, fetos abortados, placenta) ou pela ingestão de leite cru e derivados lácteos, sem pasteurização ou de origem desconhecida, devem procurar uma Unidade Básica de Saúde mais próxima para elucidação diagnóstica.

Diagnósticos diferenciais: tuberculose, febre tifoide, endocardite infecciosa, leptospirose, criptococose, histoplasmose, mononucleose, malária, doenças do colágeno/vasculites, síndrome da fadiga crônica, neoplasias, transtornos neuropsiquiátricos (principalmente depressão).

Como prevenir?

  • Consumir leite e derivados devidamente pasteurizados e/ou fervidos; 
  • Orientar os trabalhadores que manejam animais sobre os riscos da doença e sobre os cuidados para evitar o contato com animais doentes ou potencialmente contaminados, bem como o uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPI).