Toxoplasmose
A toxoplasmose é uma infecção causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, encontrado nas fezes de gatos e outros felinos, que pode se hospedar em humanos e outros animais.
O Toxoplasma gondii é um dos parasitas zoonóticos mais comuns em todo o mundo. Este parasita causa a doença toxoplasmose, que é uma infecção cosmopolita transmitida por alimentos e água, com cerca de 1 a 2 bilhões (aproximadamente 30%) da população mundial infectada.
O Brasil possui incidências que estão entre as mais altas descritas na literatura. É uma infecção muito comum, mas a manifestação clínica da doença é rara. A toxoplasmose adquire especial relevância para a saúde pública quando a mulher se infecta, pela primeira vez, durante a gestação, pelo risco elevado de transmissão vertical e acometimento fetal.
Transmissão
A toxoplasmose é causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados e é uma das zoonoses (doenças transmitidas por animais) mais comuns em todo o mundo. O parasita está presente na musculatura de uma série de animais como cães, gatos, bovinos, equinos e até aves.
A doença é adquirida por meio da ingestão de oocistos em água e alimentos contaminados (vegetais e frutas), cistos em carnes malpassadas, ou em locais onde eventualmente possa haver fezes de felinos (terra, areia), que são os únicos hospedeiros definitivos de Toxoplasma gondii.
As principais vias de transmissão da toxoplasmose são:
Indireta:
• Oral: consumo de alimentos e água contaminados com oocistos, ou carnes e derivados contendo cistos teciduais.
• Vias raras: inalação de aerossóis contaminados; inoculação acidental; transfusão sanguínea; transplante de órgãos.
Direta ou vertical:
• Congênita: forma ativa do parasita transmitida por via transplacentária para o feto, quando a mãe adquire a infecção durante a gestação.
Nos recém-nascidos infectados (Toxoplasmose Congênita), cerca de 85% dos casos não apresentam sinais clínicos evidentes ao nascimento. No entanto, essas crianças podem indicar alterações como restrição do crescimento intrauterino, prematuridade, anormalidades visuais e neurológicas.
Entre as consequências anatômicas e funcionais decorrentes da toxoplasmose congênita estão descritas morte fetal, prematuridade, manifestações clínicas e sequelas. As manifestações precoces e as sequelas incluem hepatoesplenomegalia, icterícia, erupção cutânea, pneumonite, lesões de retina, calcificações cerebrais, hidrocefalia, microcefalia, microftalmia, estrabismo, perda visual, convulsões e retardo mental.
Sintomas
A maioria dos casos de toxoplasmose é assintomática ou apresenta sintomas bastante inespecíficos, confundindo, principalmente, com sintomas comuns a outras doenças como dengue, citomegalovírus ou mononucleose infecciosa. Em pessoas imunocomprometidas pode ocorrer encefalite, coriorretinite, pneumonite e miocardite.
Mesmo na ausência de sintomatologia, o diagnóstico da infecção pelo Toxoplasma gondii na gravidez é extremamente importante, tendo como objetivo principal a prevenção da toxoplasmose congênita e suas sequelas.
Diagnóstico da toxoplasmose em gestantes e recém-nascidos
No pré-natal está previsto o rastreamento sorológico para identificar gestantes suscetíveis à toxoplasmose e detectar precocemente os casos de infecção aguda recente, principalmente no início do primeiro trimestre, para instituir a orientação terapêutica, visando prevenir a transmissão fetal por meio de tratamento oportuno.
Um dos exames que pode diagnosticar a toxoplasmose em recém-nascidos é o teste do pezinho, mais uma doença incluída, desde 2013, na triagem neonatal nos exames no Distrito Federal A toxoplasmose congênita pode causar aborto e danos neurológicos e/ou oculares ao feto, incluindo a micro ou macrocefalia, hidrocefalia, calcificações cerebrais, retardo mental, estrabismo e convulsões.
Muitas crianças, ao nascer, não apresentam manifestações da doença, desenvolvendo sequelas na infância ou adolescência, sendo a coriorretinite a principal causa de cegueira em crianças com toxoplasmose congênita.
Tratamento da toxoplasmose
A toxoplasmose normalmente evolui sem sequelas em pessoas com boa imunidade. Desta forma, não se recomenda tratamento específico, apenas tratamento sintomático. Pacientes com imunidade comprometida (imunocomprometidos/imunodeprimidos) ou que já tenham desenvolvido complicações da doença são encaminhados para acompanhamento médico especializado. Em caso de toxoplasmose na gravidez é importante o acompanhamento no pré-natal e seguir as orientações que forem repassadas pelas equipes de saúde. O tratamento e acompanhamento da doença estão disponíveis, de forma integral, pelo Sistema Único de Saúde - SUS.
Como podemos evitar a Toxoplasmose
- Lavar as mãos com água corrente e sabão ao manipular alimentos;
- Lavar bem frutas, legumes e verduras antes de ingeri-las;
- Evitar a ingestão de carnes cruas, malcozidas ou malpassadas, incluindo quibe cru e embutidos (linguiça, salame, copa e outros);
- Após manusear a carne crua, lavar bem as mãos e toda a superfície que entrou em contato com o alimento, inclusive os utensílios utilizados;
- Não consumir leite e seus derivados crus, não pasteurizados;
- As gestantes devem evitar o manuseio direto com solo, incluindo jardins e parques; caso seja necessário, usar luvas e lavar bem as mãos após a atividade;
- As gestantes devem evitar o contato direto com fezes de gato;
- A caixa de areia dos gatos deve ser limpa, preferencialmente, por pessoas não gestantes; todavia, se não for possível, a gestante deverá realizar a limpeza e troca diária da areia utilizando luvas e pás de lixo;
- Alimentar os gatos com carne cozida ou ração, não permitindo que os mesmos façam a ingestão de animais caçados;
- Lavar bem as mãos após o contato com os animais, sempre utilizando água corrente e sabão.
Documentos epidemiológicos
Situação Epidemiológica da toxoplasmose gestacional e congênita, 2020/2021
Situação Epidemiológica da Toxoplasmose Gestacional e Congênita, DF, 2019