Circuito de Palestras discute racismo nos Espaços de Saúde
Circuito de Palestras discute racismo nos Espaços de Saúde
Secretaria de Saúde debate a atenção integral à saúde da população negra do Distrito Federal
Alexandre Álvares, da Agência Saúde-DF
Makuiu, tata ou axé. Quem não conhece esses dialetos pode estranhar, mas, para muitos brasileiros, são palavras entrelaçadas ao cotidiano. Com muito axé, ou energia positiva e sagrada, Tata Nganga Dile, dirigente do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos de Matriz Africana (Fonsapotma), fez o makuiu, ato de abrir as mãos para abençoar os participantes do “Circuito de Palestras – Racismo nos Espaços de Saúde”.

Promovido pela Gerência de Atenção à Saúde de Populações em Situação Vulnerável e Programas Especiais (GASPVP) da Secretaria de Saúde (SES) em parceria com o Comitê Técnico de Saúde da População Negra do Distrito Federal, o evento levantou questionamentos sobre racismo e saúde. Um dos temas do circuito foi a desigualdade racial, que imprime uma barreira de acesso aos serviços de saúde e a outros espaços da sociedade para a população negra no Brasil.
As palestras realizadas na quinta-feira (23), no auditório da Fiocruz, na Asa Norte, contaram com a presença de representantes da SES, da SEJUS da Universidade de Brasília, do Ministério Público e de religiosos de comunidades de matriz africana. A abertura ficou por conta da gerente da GASPVP, Juliana Soares, que ressaltou a importância do evento, que teve participações presenciais e virtuais.
A luta pela saúde e pela eliminação da discriminação racial é urgente e necessária, ressalta o enfermeiro da família e comunidade da GASPVP, Clístenes Mendonça. “Damos o pontapé inicial e nesse momento quero saudar a mesa, uma mesa negra e muito representativa. Que é uma representação da nossa sociedade, mas que, infelizmente, não é uma representação dos espaços de poder, tal qual eles estão constituídos no Brasil e no mundo”, disse.

Enfermeiro da família e comunidade, Clístenes Mendonça: “nosso circuito de palestras sobre a Questão Integral da Saúde da População Negra no Distrito Federal é um marco muito importante para a Secretaria de Saúde e para nossa Diretoria de Áreas Estratégicas de Atenção Primária. Foto: Alexandre Álvares, da Agência Saúde-DF
O assessor para Equidade Racial em Saúde do Gabinete do Ministério da Saúde, Luis Eduardo Batista, confirmou o compromisso do Governo Federal em desenvolver políticas públicas de combate ao preconceito e à discriminação. “Podemos pensar uma série de coisas em conjunto, a partir do eixo da política, das diretrizes da política e dos objetivos da política. Temos muito a contribuir com a sociedade brasileira. Podemos estar juntos na reconstrução de um país que se propõe a enfrentar o racismo, que está estruturado em nossa sociedade”, afirmou.

O enfrentamento do racismo institucional no SUS completou 14 anos, com o lançamento da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra em 2009. A política constitui um compromisso do Estado brasileiro no reconhecimento da desigualdade racial como estruturante para as desigualdades sociais.
As atividades do grupo se estendem por todo o ano, com agendas que visam contribuir com a ampliação da consciência do exercício da cidadania da população negra no Distrito Federal e no país. O objetivo é promover uma atenção à saúde integral e equânime e compartilhar a gestão de políticas de saúde fortalecendo o controle social dentro do SUS.
