DF tem unidade de referência para tratamento de pessoas com Atrofia Muscular Espinhal (AME)
DF tem unidade de referência para tratamento de pessoas com Atrofia Muscular Espinhal (AME)
Hospital de Apoio de Brasília (HAB) é destaque nos cuidados e na triagem de doenças raras e realiza teste ampliado do pezinho. Hoje, 8 de agosto, é Dia Nacional da Pessoa com AME
Michelle Horovits, da Agência Saúde-DF | Edição: Amanda Martimon
Rara doença genética neuromuscular grave e sem cura, a Atrofia Muscular Espinhal (AME) ocorre, em média, em um a cada 10 mil nascidos vivos. No país, estima-se que a doença acometa mais de 1.525 brasileiros, de acordo com levantamento do Instituto Nacional da Atrofia Muscular Espinhal (Iname). Para conscientizar a população e estimular políticas públicas, 8 de agosto é, por lei, o Dia Nacional da Pessoa com AME.
No Distrito Federal, o Hospital de Apoio de Brasília (HAB) é referência no tratamento e oferece a triagem neonatal mais completa do país. ”O DF é uma das poucas unidades da Federação que realiza o teste do pezinho ampliado. Cada teste faz nove tipos de exames e pode detectar até 60 doenças para que a criança receba o tratamento desde os primeiros dias de vida”, explica a Referência Técnica Distrital (RTD) em Doenças Raras, Maria Tereza Rosa.

Equipamentos de ponta instalados no hospital para análise de materiais genéticos permitiram a ampliação de diagnósticos, incluindo o rastreio da AME e outras doenças. No total, o teste do pezinho no DF detecta 58 doenças raras. Nas maternidades da rede pública do DF, o exame é feito em todos os nascidos vivos. Para bebês que nascem na rede particular, o teste ampliado fica disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) até o 30º dia de vida do recém-nascido. Os exames são encaminhados para o serviço de referência em triagem neonatal, no Hospital de Apoio.
A RTD destaca que o diagnóstico pré-sintomático é muito importante. Quando o tratamento disponibilizado no SUS é iniciado nesta fase, a criança terá grande potencial para desenvolver uma vida normal e produtiva, sem ter ao longo de sua vida intercorrências ou limitações. “A triagem neonatal para AME combinada com tratamento precoce resulta em melhor performance de movimento em crianças afetadas, incluindo a capacidade de andar, quando comparada a crianças diagnosticadas assim que os sintomas se desenvolvem.”

A especialista ainda esclarece que a doença afeta as células nervosas da medula espinhal responsáveis por controlar os músculos, bem como outras células presentes em todo o corpo humano. Isso impacta progressivamente funções vitais básicas, como andar, engolir e respirar.
Experiência na rede
Maria Lúcia Pereira, de 4 anos, é uma das pacientes com AME, diagnosticada com a doença aos quatro meses. “Ela apresentava sintomas fortes de hipotonia global, quando a criança não consegue sentar, equilibrar a cabeça”, relata o pai Valtenir Luiz Pereira, 51 anos.
A menina nasceu em 24 de maio de 2019, mesma data em que o serviço de regulação americano aprovou o primeiro tratamento para a doença. “Conseguimos os remédios de alto custo aos seis meses de idade dela. Com o tratamento, Maria Lúcia teve um ganho de qualidade de vida, e, hoje, consegue sentar e está mais forte”, conta o pai.
Atualmente, a paciente é tratada pelo Hospital de Apoio e pelo Hospital da Criança, onde recebe acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. “Temos apoio de fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista e neurologista. Somos gratos pelo acompanhamento desses profissionais da SES e ao SUS, que é o maior plano de saúde do mundo.” Valtenir acredita que sem os remédios a filha não teria conseguido sobreviver.
Existem três medicações usadas para corrigir o defeito genético provocado pela doença e reduzir as chances de óbito e de complicações mais graves. Os remédios de alto custo começaram a ser disponibilizados pelo SUS em 2019 para crianças de até seis meses de idade.
Equipe especializada
Deilla Macedo Lima descobriu que a filha Marina Lima tinha AME aos dois meses de vida. ”Ela iniciou o tratamento medicamentoso já no terceiro mês. Hoje, Marina tem quatro anos e estamos semanalmente no Hospital da Criança para reabilitação com neurologista, pneumologista, psicopedagoga, psicóloga e fisioterapeuta.”

A mãe avalia que o trabalho multiprofissional dos especialistas da unidade ajuda na recuperação da criança. “O Hospital tem um centro de referência em doenças neuromusculares, foi lá que aprendemos sobre a patologia. A equipe de reabilitação é excelente”, opina.