20/10/2020 às 14h42

Hmib retoma atendimentos na Unidade de Reprodução Humana

Casais com dificuldade de engravidar e que desejam ter filhos voltarão a ser atendidos

LEANDRO CIPRIANO

Caroline está esperançosa com a retomada do serviço - Foto: Geovana Albuquerque/Agência Saúde DF

 

 

O atendimento aos casais e mulheres que desejam ter filhos e enfrentam dificuldades para engravidar foi retomado no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). O serviço estava suspenso há 7 meses por causa da pandemia da Covid-19. Com a volta dele, a equipe da Unidade de Reprodução Humana e Endoscopia Ginecológica do Hmib já em está em contato com os mais de 6 mil casais que estão na fila de espera por consultas com os especialistas da unidade.

 

 

Com a redução da taxa de transmissibilidade da Covid-19 no Distrito Federal, todas as medidas de segurança foram tomadas para recomeçar as atividades e ajudar essas famílias a realizar o sonho de ter os bebês. Laboratórios e espaços de consultas foram higienizados e desinfectados. Além disso, foi feita a medição do pH das incubadoras que guardam os embriões congelados e iniciada a preparação das pacientes para retomar todo o ciclo do tratamento, que pode levar meses.

 

A unidade ainda representa o maior atendimento do hospital, porque a reprodução humana engloba várias áreas, como fertilização assistida, endocrinologia e endoscopia ginecológica. Conta com uma equipe multidisciplinar formada por especialistas treinados na área, entre eles enfermeiros, biólogos, geneticistas, andrologistas, assistentes sociais e psicólogos.

 

 

“Nosso serviço não é só produtor de bebês. É um realizador de sonhos, de vidas. A nossa satisfação é a satisfação dos casais que tentam há bastante tempo ter filhos e, por uma série de motivos, não conseguiam. Tudo é voltado para atender os casais”, afirma a diretora do Centro de Ensino e Pesquisa em Reprodução Assistida (Cepra) do Hmib, Rosaly Rulli.

 

Esperança renasce

 

Enquanto o serviço estava suspenso, os profissionais do Hmib organizaram a fila e pediram exames. A equipe tem ligado para as pacientes e remarcado as consultas adiadas. Uma delas é Caroline Pinheiro, de 35 anos, que possui ovário policístico. Atendida na Unidade de Reprodução Humana desde 2018, ela voltou a ser acompanhada pelos servidores neste mês.

 

 

“Meu coração se encheu de alegria e felicidade com o retorno. O trabalho deles nos dá esperança de que um dia vai acontecer a gravidez. Além de um sonho, para mim é uma necessidade ser mãe”, comentou Caroline.

 

O sonho realizado

 

O agradecimento pela existência do serviço vem de quem conseguiu realizar o sonho da maternidade por meio do atendimento oferecido no Sistema Único de Saúde (SUS) do DF. Loyanne Gomes, de 29 anos, teve um filho com sua esposa, Natasha, graças ao tratamento feito no Hmib. Depois de três anos de tratamento, a gravidez ocorreu no ano passado. O resultado foi o pequeno Gael, que vai completar dois meses de idade.

 

“Esperamos muito tempo por isso. E todos da equipe foram muito receptivos e atenciosos, nos tratando como duas mães. Foi a maior alegria das nossas vidas”, agradeceu Loyanne.

 

 

Para os profissionais da equipe, como o biológico Victor Edgard, a maior recompensa do seu trabalho é ajudar casais que há anos estão tentando engravidar e não conseguem. Um dos momentos mais satisfatórios é quando a equipe e os casais organizam a festa anual com os pais e bebês que nasceram graças ao trabalho da unidade. “É de arrepiar. Vale a pena toda a trabalheira para, no final, ver os pais agradecidos. Quando vemos a alegria daquele casal, não tem preço”.

 

Acesso ao tratamento

 

Para ter acesso ao serviço, o primeiro passo para quem deseja engravidar, é procurar a unidade básica de saúde (UBS) mais próxima da sua casa e agendar consulta com a equipe de Saúde da Família. Os profissionais da equipe irão encaminhá-los para consulta com um ginecologista e, de lá, para o hospital da região onde eles serão atendidos por um grupo multiprofissional. Por fim, passadas essas etapas, haverá encaminhamento para a Unidade de Reprodução Humana do Hmib.

 

A inscrição na fila de espera acontece na primeira consulta ou no retorno à unidade após apresentação dos resultados de exames solicitados. Depois disso, a paciente receberá do médico um papel de encaminhamento solicitando o retorno.

 

Para ser inscrita na fila de espera do tratamento de Inseminação Intrauterina (IIU), a usuária deve ter até 35 anos de idade e pelo menos 5 folículos ovarianos. Usuárias com endometriose profunda não serão inscritas, assim como aquelas que tiverem 36 anos ou mais.

 

Já para ser inscrita na fila de espera para o tratamento de fertilização in vitro (FIV) a usuária deve ter até 36 anos de idade e pelo menos 5 folículos ovarianos. Usuárias com 37 anos ou mais não serão inscritas. Contudo, a previsão é que os ciclos de FIV só serão reiniciados em janeiro de 2021.

 

O Hmib oferece no máximo duas tentativas de IIU e duas de FIV. Na consulta em que o médico inserir o casal na fila, dependendo dos critérios clínicos e de idade, o casal pode ser inscrito nas duas filas, ou só na fila de FIV. Uma vez realizada a fertilização in vitro, o casal não poderá ser novamente inscrito nas filas.

 

Oficialização do serviço

 

A unidade é um dos poucos hospitais públicos do Brasil que possui o serviço de reprodução humana assistida voltada à atenção integral da saúde reprodutiva do casal infértil. Apenas os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul têm locais com características semelhantes à do Hmib. A unidade existe há 22 anos e já soma mais de 400 nascimentos. De mais de 4 mil tratamentos efetivamente realizados, a taxa de sucesso chega a alcançar 30% dos casos.

 

 

A retomada das atividades coincidiu com outra boa notícia: a Unidade de Reprodução Humana foi reconhecida oficialmente pelo colegiado gestor da Secretaria de Saúde como parte da estrutura interna do hospital, depois de 22 anos de atividades. Com isso, os serviços oferecidos pelo setor poderão ser padronizados.

 

Assim, a unidade tem a possibilidade de conquistar melhorias que refletirão na qualidade dos atendimentos e do trabalho dos servidores. Por exemplo, será possível agora nomear profissionais específicos para a área de reprodução humana, aumentando a oferta do serviço. “Terá recurso humano direcionado para esse serviço, ao invés de contabilizar dentro da ginecologia como um todo”, explica a diretora do Hmib, Marina da Silveira.

 

Além disso, com as atividades oficializadas, a unidade poderá receber diretamente os insumos hospitalares específicos para a reprodução humana, com compras regulares, em vez de serem diluídos no contexto geral do Hmib. A novidade abre portas, inclusive, para um futuro cadastro no Ministério da Saúde, com possibilidade de receber recursos federais.

 

Para mais informações sobre todo o processo de reprodução humana, acesse a página da Secretaria de Saúde.