02/04/2022 às 12h00

Laboratório de Farmacotécnica transforma medicamentos e o atendimento aos pacientes

Unidade muda a apresentação dos remédios, garantindo mais qualidade no tratamento

CAMILA HOLANDA, DA AGÊNCIA SAÚDE-DF | EDIÇÃO: MARGARETH LOURENÇO | REVISÃO: JULIANA SAMPAIO

 

 

Na farmácia do Hospital Regional de Taguatinga (HRT), por trás de estantes, caixas de remédio e portas pesadas, fica o Laboratório de Farmacotécnica da Secretaria de Saúde. Criado em 2014, o local fornece medicamentos a cerca de 3 mil pacientes ambulatoriais por ano e é um dos únicos espaços do gênero no Sistema Único de Saúde (SUS). A responsável por essa história de sucesso é a farmacêutica Eva Fontes, servidora da SES há 22 anos.

 

Tudo começou quando ela ainda trabalhava no Hospital Materno-Infantil de Brasília (Hmib) e uma médica ginecologista precisava da mistura da solução de Schiler com ácido acético para realizar exame preventivo nas pacientes. “Na época, estava em falta. São materiais baratos, mas com a estabilidade muito curta, vencem rápido. Por isso, comecei a fazer e fracionar”, explica Eva. De um litro para as pacientes do Materno-Infantil, logo a farmacêutica passou a produzir, sozinha, 12 litros da mistura, que eram utilizados em diversos outros hospitais da rede pública.

 

 

Em 2014, Eva foi transferida para o HRT, onde passou a ter um espaço só para os seus preparos. Num dia, ajudando o pessoal da farmácia, atendeu um pedido da UTI neonatal. “Quando vi o tamanho dos comprimidos que iam para os recém-nascidos, quase não acreditei! Tive a ideia de fazer um xarope para ajudar, porque os enfermeiros ainda tinham que triturar e diluir os medicamentos, o que tomava muito tempo”, explica a profissional.

 

A sugestão foi aceita e muito bem recebida. Rapidamente, vários outros fármacos passaram a ser transformados em xarope, soluções ou suspensões para atender diversos setores do hospital. Atualmente, são 85 remédios oferecidos em apresentação diferente pelo Laboratório de Farmacotécnica. “Agiliza o trabalho da enfermagem e gera economia de insumos, também, porque não tem desperdício”, pontua a farmacêutica. Além de tomar tempo, os comprimidos triturados entupiam os cateteres com frequência, inutilizando o material.

 

Depois de muito tempo trabalhando sozinha, a equipe de Eva, hoje, conta com sete farmacêuticos. Além de transformar e fracionar os medicamentos, eles produzem outras substâncias que ajudam em diversos tratamentos. Pacientes oncológicos, por exemplo, podem receber morfina em gotas quando a deglutição está comprometida. “Os médicos relatam que os pacientes ficam mais felizes, porque conseguem aliviar a dor”, ressalta a farmacêutica. O laboratório produz, também, saliva artificial e gel orabase de camomila, para tratar e prevenir a mucosite provocada pela quimioterapia.

 

 

A unidade produz gel de cloreto de sódio a 20%, que vem ajudando os pacientes com bolsa de colostomia ou de gastrostomia. “Pensamos nesse gel para atender a uma demanda do Núcleo de Atenção Domiciliar, porque a abertura desses pacientes não cicatrizava bem e gerava incômodo”, explica Eva. Hoje, o material é utilizado também na cicatrização do umbigo de recém-nascidos.

 

Recentemente, a equipe de Eva passou a desenvolver um picolé de camomila, para tranquilizar os pacientes oncológicos durante a sessão de quimioterapia. “Estamos sempre em busca de melhorias. Estudando e pesquisando o que mais podemos fazer. É muito bom saber que melhoramos a qualidade de vida dos pacientes”, destaca ela.

 

A produção do Laboratório de Farmacotécnica atende às demandas internas dos hospitais da rede pública e de pacientes que chegam com receita médica, inclusive, de redes particulares de saúde.

 

 

SERVIÇO
Laboratório de Farmacotécnica da SES
Local: Farmácia do HRT – Área Especial 24 – Taguatinga
Funcionamento: segunda a sexta, das 07 às 18h (não abre aos feriados e pontos facultativos)