07/03/2025 às 13h31

Liderança feminina: mulheres que movem a Secretaria de Saúde do DF

Grupo representa mais de 71% do quadro de servidores da pasta. Reflexo desse quantitativo, muitos cargos de gestão e posições estratégicas são ocupados por elas

Leyla Bilich, da Agência Saúde-DF | Edição: Natalia Moura

Celebrado mundialmente, o Dia Internacional da Mulher reconhece as conquistas sociais, econômicas, culturais e políticas das mulheres, além de reforçar a luta contínua por direitos iguais e oportunidades. Na Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), a data tem um significado especial. Com mais de 70% do quadro de servidores composto por mulheres, não é exagero dizer que a força que move a pasta é feminina.

São mais de 23 mil mulheres atuando em todas as áreas da saúde. Reflexo desse quantitativo, muitos cargos de gestão e posições estratégicas são ocupados por elas, que lideram com visão analítica, enfrentam decisões difíceis e coordenam equipes.

“A presença feminina na gestão da SES-DF tem crescido ao longo dos anos, refletindo a competência e a dedicação das mulheres na área da saúde”, aponta a diretora do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), Marina da Silveira Araújo.
 

"É essencial que continuemos abrindo caminhos para que mais mulheres ocupem esses espaços de liderança", afirma a médica pediatra e diretora do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), Marina da Silveira Araújo. Foto: Ualisson Noronha | Agência Saúde DF

Servidora da SES-DF há 18 anos, a pediatra está à frente da diretoria do Hmib há seis. Focada em garantir o melhor atendimento às mães e seus bebês, ela encara, como muitas mulheres, o desafio de conciliar a vida profissional e familiar.

“Como gestora, preciso tomar decisões importantes diariamente, lidar com dificuldades administrativas e garantir que a equipe tenha todo o suporte necessário para oferecer um atendimento de qualidade", conta Marina. "Ao mesmo tempo, sou mãe, esposa e tenho compromissos familiares que também exigem minha atenção e dedicação”, acrescenta.

Superando desafios

Atual diretora do Hospital Regional do Guará (HRGu), Gisele Cipriano Mota Sousa argumenta que, de fato, as mulheres enfrentam mais obstáculos do que os homens.
 

"Mulheres em posição de liderança podem gerar um impacto real na estrutura das organizações", defende a diretora do Hospital Regional do Guará (HRGu), Gisele Cipriano. Foto: Arquivo pessoal

“A liderança feminina traz consigo diversos estereótipos de gênero. Sinto-me extremamente realizada em poder contribuir como gestora, embora, vez ou outra, tenha que enfrentar situações machistas que tentam invalidar meu trabalho”, relata a médica, servidora da SES-DF desde 2017.

Inspiração para outras mulheres

Uma das respostas para esses desafios, segundo Gisele, está na própria posição de liderança. "Como gestoras, podemos gerar um impacto real na estrutura das organizações", afirma.

Anestesiologista da SES-DF há 23 anos e diretora do Hospital Regional de Planaltina (HRPL) há quatro, Keyla Blair de Oliveira concorda. Para ela, essa representatividade é capaz de inspirar, democratizar o ambiente de trabalho e promover diversidade de perspectivas.
 

"O nosso protagonismo está em cada setor, é crescente e necessário", destaca a diretora do Hospital Regional de Planaltina (HRPL), Keyla Blair de Oliveira. Foto: Tony Winston/Arquivo Agência Saúde-DF

"Fico extremamente feliz em ver a atuação feminina crescer em cargos de gestão. Nosso protagonismo está presente em cada setor, público e privado, e isso é muito significativo”, destaca.

Por mais igualdade

Nesse cenário, contudo, a diretora do Hospital Regional de Samambaia (HRSam), Elielma Almeida, ressalta que a igualdade de gênero ainda tem um longo caminho pela frente.
 

Há 15 anos na SES-DF, a diretora do Hospital Regional de Samambaia (HRSam), Elielma Almeida, vê a presença de mulheres nos cargos de gestão como essencial para um ambiente de trabalho mais equitativo e produtivo. Foto: Arquivo pessoal

“Salários maiores para homens em funções semelhantes às ocupadas por mulheres ainda são uma realidade em diversos setores. Além disso, na maioria dos casos, são as mulheres que assumem mais responsabilidades dentro de casa. E se dividíssemos essa carga entre os gêneros?", reflete a gestora.

A resiliência e a capacidade de equilibrar diversas tarefas ao mesmo tempo são habilidades desenvolvidas desde cedo pelas mulheres. O cuidado é cobrado, a produtividade precisa crescer e alguém dentro de casa está sempre precisando de atenção.

Servidora da SES-DF há 33 anos, a secretária-adjunta de Gestão em Saúde, Nelma Louzeiro, acredita que as mulheres são frequentemente mais cobradas que os homens. “Enfrentamos desafios diários, mas sinto que temos dentro de nós uma força improvável, que surge à medida que somos colocadas à prova", destaca a secretária-adjunta de Gestão em Saúde, Nelma Louzeiro.
 

A secretária-adjunta de Gestão em Saúde, Nelma Louzeiro, compõe o quadro da SES-DF há 33 anos e afirma que ser gestora na pasta significa ter oportunidade, todos os dias, de melhorar a vida de alguém. Foto: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde DF

Mesmo na força que cresce diante dos contratempos e das inúmeras responsabilidades, é fundamental que as mulheres reconheçam que não é preciso carregar o fardo de tudo sozinhas.

Para a subsecretária de Saúde Mental, Fernanda Falcomer, na SES-DF há 16 anos, a liderança feminina deve sim inspirar pela competência e resiliência. "Mas devemos ter a coragem também para estabelecer limites e delegar tarefas. Valorizar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, bem como promover a divisão equitativa das demandas, é um passo essencial para fortalecer uma gestão mais humana e sustentável", orienta a psicóloga.
 

 "Devemos ter coragem também de estabelecer limites e delegar tarefas", argumenta a subsecretária de Saúde Mental, Fernanda Falcomer, na SES-DF há 16 anos. Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF.​​​​​