21/10/2020 às 12h05

Saúde vai melhorar atendimento a pacientes que tiveram sintomas após colocação de Essure

O contraceptivo permanente foi disponibilizado na rede pública de 2012 a 2014

AGÊNCIA SAÚDE DF

 

 

A Secretaria de Saúde vai atender, a partir do dia 26 de outubro, no Centro Especializado de Saúde da Mulher (Cesmu), mulheres que tiveram algum sintoma após colocar o contraceptivo permanente Essure. Para atender a esta demanda, a pasta está organizando um novo fluxo de atendimento multiprofissional no Cesmu.

 

 

O novo espaço de atendimento deverá priorizar a assistência a 156 mulheres que reivindicaram a retirada do dispositivo por meio do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Como cerca de 2,2 mil mulheres fizeram a colocação do Essure, a Secretaria de Saúde também dispõe de atendimento especializado em ambulatórios de sete hospitais da rede, conforme prevê nota técnica publicada em 27 de julho de 2020.

 

A orientação é para que as mulheres que tiverem algum sintoma ou complicação devido ao uso do dispositivo busquem o atendimento na unidade básica de saúde mais próxima de suas residências para o encaminhamento à consulta ginecológica.

 

Reunião na Saúde

 

O secretário de Saúde, Osnei Okumoto, recebeu duas pacientes representantes das mulheres que colocaram o dispositivo, o secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal, Vitor Paulo, e a deputada federal Erika Kokay no gabinete da Secretaria a fim de definir estratégias para o atendimento às pacientes. Os detalhes do fluxo de atendimento devem ser tratados ainda nesta semana com o MPDFT.

   

Okumoto ouviu os relatos das representantes das pacientes e se sensibilizou com a luta das mulheres. “A gente tem como comprometimento buscar o tratamento integral e o acompanhamento multidisciplinar dessas pacientes”, destacou o gestor. Na oportunidade, o secretário adjunto de Assistência à Saúde, Petrus Sanchez, informou também que a pasta, por meio do MPDFT, está em tratativas com a fabricante do Essure, a multinacional Bayer, a exemplo do que fizeram outros países.

 

Já as pacientes enfatizaram a necessidade de retirada do dispositivo de mulheres que sofrem com fortes dores, sangramentos, entre outras complicações, desde a colocação do Essure, procedimento realizado por algumas das usuárias há cerca de 8 anos. Entre os procedimentos reivindicados está a retirada total do útero. A médica Responsável Técnica Distrital de Ginecologia, Marta de Betânia, explicou que não é possível generalizar os casos e que cada paciente deve ser avaliada e tratada individualmente.

 

O Essure

 

O dispositivo era fabricado pela farmacêutica alemã Bayer e distribuído no Brasil desde 2009 pela Commed Produtos Hospitalares, sendo proibida a importação do produto pela Anvisa em 2017. Trata-se de um pequeno dispositivo de metal que é inserido pelo médico em cada um das trompas da mulher, para que ela fique estéril. Quando lançado, o Essure era descrito como uma alternativa prática e indolor às mulheres que queriam se tornar inférteis sem precisar recorrer à cirurgia de laqueadura.

  De acordo com a Bayer, "a comercialização foi suspensa temporariamente em fevereiro de 2017,  por uma questão administrativa causada pelo atraso na apresentação de documentos por parte da Comercial Commed Produtos Hospitalares, detentora do registro do produto no Brasil e responsável pela distribuição exclusiva na época". A farmacêutica diz, ainda, que "após essa questão ter sido resolvida, a comercialização de Essure no Brasil foi liberada pela Anvisa".   No entanto, segundo a Bayer, "por razões comerciais, decidiu encerrar a comercialização do produto globalmente, não tendo qualquer relação com a suspensão temporária da Anvisa, tampouco com a segurança e eficácia do contraceptivo".  

O Cesmu

  O Centro Especializado em Saúde da Mulher fará parte da Atenção Secundária da Secretaria de Saúde. É um ambulatório criado para prestar assistência integral à saúde da mulher incluindo serviço de apoio à vulnerabilidade e às mulheres vítimas de violência. Vai oferecer atendimento de ginecologia e obstetrícia; mastologia; dermatologia; psicologia; assistência social; nutrição; enfermagem; acupuntura; homeopatia e exames da mulher em geral.     A clínica da mulher vai atender pacientes de todo o DF. O acesso à unidade será pela Atenção Primária, nas unidades básicas de saúde, onde os profissionais das equipes de Estratégia de Saúde da Família direcionarão as pacientes para atendimento especializado no Cesmu.